Hoje é seu aniversário, e esperei ansiosamente por esse
dia, alimentei a doce ilusão de abraçar-te, hoje, era a desculpa perfeita, mas
você só precisava de desculpas absurdas.
Não há você aqui.
O sol brilhou mais forte como em todas as primaveras, o
céu estava claro, e por um momento nublado até cheguei a duvidar, mas é seu
aniversário e o sol tinha que raiar.
Como em todos os seus aniversários um esplendido dia,
adornado de vida, onde tudo é mais bonito, quase tão lindo como você. É tudo
tão seu, tão você que não consigo descrever o dia, ele declara-me a você, é
mais seu dia do que eu posso ser.
Há muita vida lá fora e no meio de tantas vidas que se
cruzam não há a sua por perto.
E é tão estranho o seu dia sem você, é cheio de
expectativas vazias, quase tão grandes quanto o vazio no peito que foi
preenchido com dor. Uma dor tão grande que me consome tanto, quase tanto quanto
seu olhar me consumia, e só ficam as cinzas, cinzas como os meus dias. Como
hoje pode ser tão colorido e doloroso?
Não há quem não possa ver a tristeza em meus olhos, a
melancolia da voz denuncia a alma.
E não há quem não me diga que estou distante, que estou
perdida, perdida, eu sei...
Não consigo me conter porque há um vazio no mundo, no meu
mundo, que só pode ser preenchido por você.
E queria escrever algo que se igualasse a esse dia, mas
não posso, não sou boa o suficiente.
Hoje é a dor do silêncio.
Do silêncio eterno, do silêncio, da dor sorrateira que
finge que não existe.
Silêncio
Ilusão: Euforia
Consciência: Agonia
E silêncio, e assim se passa o dia, num ciclo só
Só, só
Só silêncio
É o universo sussurrando a minha falta de você.